sexta-feira, 6 de maio de 2011

MORRER PARA VIVER NO CRISTO RESSUSCITADO

Mais uma vez o calendário litúrgico nos diz que estamos na quaresma. Tempo forte de conversão que nos aponta em direção à páscoa, período de grande exultação cristã. Mas para entendermos melhor esse período de grande alegria, se faz necessário entender alguns acontecimentos marcantes que vêm do passado, e que perpassa o nosso momento atual.

A libertação como condição para o surgimento da vida em meio a várias situações de morte
Quando falamos do passado sugerimos um retorno ao livro do Êxodo. O acontecimento do Êxodo marcou para sempre o nascimento de um povo que buscava a sua libertação, pois os escravos tomaram consciência de sua situação e clamaram para dela sair. Compreenderam o chamado de Deus para um novo momento. A nova mentalidade nasceu de um contexto de sofrimento, por isso, o chamado de Deus para se tornarem um novo povo.
Os hebreus guiados pelo próprio Deus caminharam no desejo de alcançar a terra prometida. Conforme Êxodo 3,16-17: o Senhor protege e guarda aqueles que O amam: Tomei a decisão de intervir em vosso favor, por causa de tudo o que vos fizeram no Egito, e reafirmo: eu vos farei subir da opressão do Egito para a terra do canaanita, do hetita, do emorita, do perizita, do hivita e do iebusita, para a terra que mana leite e mel.
A aliança concluída no Sinai, no deserto, sugere um tempo de "noivado" em que o povo vivia claramente da palavra de Deus, na confiança. O profeta Oséias nos fala dessa nova aliança entre Deus e seu povo. Oséias 2,16-17: Eu o levarei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração. E de lá, eu lhe restituirei as suas vinhas e farei do vale de Akor uma porta de esperança; lá você responderá como no tempo da sua juventude, no dia em que subiu da terra do Egito.
A saída do Egito é a vitória de Yahwé sobre as forças que esmagavam seu povo, pois o Senhor se revela nas lutas de libertação. No terceiro Isaías, que vai do capítulo 56 a 66, o povo sente um vento de esperança e consequentemente uma transformação da realidade: O Espírito do Senhor Deus está sobre mim: o Senhor, fez de mim um messias, ele me enviou a levar alegre mensagem aos humilhados, medicar os que têm o coração confrangido, proclamar aos cativos a liberdade, aos prisioneiros a abertura do cárcere, proclamar o ano do favor do Senhor, confortar todos os enlutados.
A mentalidade do livro do Êxodo nos mostra a passagem da morte à vida. Ela é pascal. Remete-nos à ressurreição de Cristo. Por isso, devemos viver de acordo com a Boa Nova desta libertação, isto é, em estado de êxodo de todas as servidões.
Além da certeza de que éramos escravos do faraó no Egito e de que Javé nos tirou do Egito com mão forte, segundo Dt 6,21, é muito importante a visão da construção de um novo modo de ser e viver. Sem o forte desejo de uma mudança radical em nossas vidas, a luta contra a escravidão, opressão e servidão perdem sentido. A primeira etapa foi vencida. Agora é preciso continuar a caminhada, projetar-se para frente. É indispensável a edificação de uma nova forma de relação social, onde o desrespeito à vida dê lugar à fraternidade, ao despojamento, à união, à comunhão. Aí sim, a ressurreição começa a ter sentido para todos aqueles que nela acreditam. O ardor, o sacrifício, a penitência só tem razão de ser quando envolvida por um sentimento de vida, de ressurreição. Chegando nesse estágio o ser humano humilhado e rebaixado se ergue e pode dizer com toda sua inteligência, alma e coração: A celebração da vitória é uma celebração ao mesmo tempo da vitória de Deus e da vitória do homem. Daí nasce a confirmação de que o projeto de Deus se legitima, também, através da ação e participação do esforço humano.
Para que o homem não esqueça que o Deus libertador o acompanhou durante todo o percurso em direção à libertação é feito um pacto, uma aliança entre Deus e os homens: os dez mandamentos. Para além da lei mosaica surge a celebração da Páscoa que, na história, remete sempre ao acontecimento que fundou a vida nova de um povo. Ao mesmo tempo que se celebra essa festa, se traz na memória o fato do passado, tornando-o fermento para gerar acontecimentos semelhantes no presente: a vida nova.
Nos momentos atuais
Na atualidade vemos muitos sinais de morte em nossa sociedade. Todos os dias, nos jornais, rádios, televisão, nas ruas, nas conversas, vemos situações gritantes da humanidade que tomam conta de cada um de nós, causando incertezas, medos e desesperanças.
Às vezes temos a impressão de que a morte é vencedora. Tudo parece sem saída. Podemos imaginar, por exemplo, quantos momentos de angústias deve ter passado o povo hebreu na sua trajetória do Egito à terra prometida. Mas esse é o segredo escondido da páscoa, o confronto entre a morte e a vida, onde o grito de dignidade humana e paz nasce do "túmulo vazio".
Com Jesus Cristo a morte é vencida pela ressurreição. Sua humanidade vence a morte e conduz toda a raça humana; a vitória da vida sobre a desesperança garante a derrota dos sinais de morte presentes na história. Portanto "a dor e a cruz não devem ser eternizadas na ação de Jesus, e sim suprimidas por sua vitória sobre a morte". Pois Deus se une ao ser humano para vencer as cruzes cotidianas da história. Ele é aquele que se põe ao lado do sofredor, para vencer com ele as cruzes que são construídas pelos opressores e colocadas sobre os ombros dos fracos.
Para refletir:
- Em que a minha história se parece com a do povo do Êxodo?
- O que tenho feito para libertar os oprimidos?
- Como a nossa comunidade está se preparando para o tempo pascal?


Pessoal esse texto é do Pastor Gilbert da Hora, me mandou por e-mail , gostei muito e recomendo.

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