terça-feira, 14 de maio de 2013

CRIME OU CASTIGO?


Há alguns dias perdemos uma criança, que poderia ser minha, sua ou nossa .João Paulo queria ser pastor,  dava a paz do Senhor para os irmãos, pedia oportunidade na igreja e  também pedia às irmãs que cantassem aquela canção que sempre lhe fazia bem .
João Paulo era  uma menino especial , me chamou de pai algumas vezes, quando na creche meu filho fui buscar, queria vir comigo, talvez lhe faltasse uma família, alguém que lhe desse o amor e carinho recebido pelas outras crianças.Mas na agenda do caminho fui  levita e sacerdote, até preguei sobre ele, me lembrei e cheguei a chorar, mas atitude de samaritano que para e olha o ferido no caminho, essa eu não tomei .
Hoje João Paulo não está mais conosco, mora pertinho de Deus, que deu a ele um novo lar, um Pai de verdade que canta no ouvido do filho a mais linda canção de amor.
Se você ainda não sabe o que aconteceu com João Paulo, não quero chorar mais uma vez pra narrar algo tão doloroso pra todos nós dessa cidade, clicando aqui você pode conhecer toda essa triste história.

Deixo pra vocês esse poema de uma poeta da nossa terra que representa tudo o que penso e sinto mas não consigo expressar, pois, há limites na minha poesia que só quem tem alma de poeta consegue descrever.



CRIME OU CASTIGO?
(Janeuce Cordeiro Maciel)


Hoje em minha cidade
Uma mãe matou sua criança.
Alguns dizem 5, outros dizem 6
Há quem diga ainda 7 anos.
A mim não importa a idade
Mas uma mãe matou sua criança
Quando o menino chegou da escola 
E foi lhe entregar o trabalhinho do dia das mães.
A mim não importa quando
Mas uma mãe matou sua cria.
A bocas miúdas correm as adjetivações:
a demente, a assassina, a meliante, o monstro...
A mim não importa a caracterização
Mas uma mãe matou seu amor próprio.
Silenciou seu próprio amor
A golpes de machado, fatalmente.
A mim não importa como
Mas uma mãe matou seu sorriso.
A mim não importa mais nada
Sou engolida pelas lágrimas
Que ao caírem me libertam
E me impedem de quedar nesse golpe da vida.
A mim não importa mais nada
Pois uma morta em vida matou sua cria
Uma sem noção matou sua esperança
A loucura matou a ingenuidade.
É então que nascem as perguntas:
Quem morreu primeiro?
Quem é vítima de quem?
Quem é o verdadeiro assassino?
Meu olho é fundo
Meu olhar me machuca
Minhas palavras me derretem
Meus sentimentos me doem
Minhas lágrimas caem por mim.
Minha gente, acorda!

Nenhum comentário:

Postar um comentário